PENSAMENTO
PSICOLÓGICO ANTES E DEPOIS DO SÉCULO XVIII
Até o final do século XIX
a Psicologia não existia como disciplina específica. Emergiu de duas tradições:
a filosofia e as ciências naturais. Enquanto os filósofos do século XIX
preparavam o caminho
para a abordagem
experimental do funcionamento
da mente, os
fisiologistas buscavam as
mesmas respostas a
partir de outro
enfoque procurando compreender
os mecanismos corporais que estão na base dos processos
mentais. No início, a Psicologia procurou conciliar os pontos conflituantes de
cada uma dessas abordagens. Com o tempo, porém, a Psicologia alcança identidade
própria.
O primeiro indício
de um campo
distinto de pesquisa
conhecido como Psicologia foi a adopção do método científico
como um recurso para tentar resolver problemas
psicológicos. Durante esse período,
manifestaram – se se diversas
indicações formais de que essa ciência começava a florescer: WilhelmWundt
(1832-1920), implanta o primeiro laboratório de Psicologia do mundo. é considerado como o verdadeiro
fundador da psicologia moderna, por ter criado, em 1879 , o primeiro Laboratório
de psicologia na Universidade de
Leipzig , Alemanha . A Psicologia se tornou uma ciência independente da
filosofia graças a Wundt, nos finais do século XIX. Foi a partir deste
acontecimento que se desenvolveram de forma sistemática as investigações em
psicologia, através de vários autores que a esta ciência se dedicaram,
construindo múltiplas escolas e teorias.
Wundt, deu a Psicologia o estatuto de
Verdadeira ciência. Conjugou os seus conhecimentos de medicina fisiológica com
os da filosofia e dentro desta, o associa sionismo inglês. Interessava-se
principalmente pelas sensações, sem deixar de se preocupar com o sentimento e a
vontade, aplicando como método a introspecção. Ao tratar do problema
Alma-corpo, a sua posição foi a do paralelismo psicofísico e procurou encontrar
a natureza dos processos mentais superiores no estudo da psicologia dos povos
que deu titulo a uma de suas obras. Podemos dizer ainda que a psicologia
experimental de Wundt, tem mérito histórico de ter dado passo definitivo para a
criação da psicologia autónoma embora devam se assinalar dois grandes defeitos:
- Reduzir o campo da psicologia a consciência, quando o homem e a sua conduta são muito mais do que isso;
- Utiliza além disso o método de introspecção, que por mais controlado que seja não perde o seu carácter subjectivo, que não se coordena com a objectividade da ciência.
O que caracteriza uma
ciência? Objecto de estudo específico
Utilização do método científico proporciona diretrizes lógicas para avaliar a
evidência e técnicas elaboradas para
verificar seus princípios A Ciência (do latim scientia, conhecimento) é o conjunto de informações sobre a realidade
acumuladas pelas várias gerações de
investigadores depois de devidamente
validadas pelo método científico. Também se designa ciência o processo de
recolher e validar informações sobre a realidade.
Conceito de Psicologia,
Origem grega LOGOS + PSIQUE= estuda acerca da alma ou espírito Ciência que
estuda o comportamento e os processos mentais. Temas de interesse: o
desenvolvimento, as bases fisiológicas do comportamento, a aprendizagem, a
percepção, a memória, o pensamento, a linguagem, a motivação, a emoção, a
inteligência, a personalidade, o comportamento anormal e seu tratamento, as
influências sociais e o comportamento social.
Actualmente a Psicologia é o estudo científico do comportamento e
processos mentais.
Estas definições, que
iremos analisar em detalho, afastam imediatamente a ideia simplicista de que a
Psicologia seria simplesmente o estudo de comportamento anormal e das desordens
e perturbações Psíquicas. Todo tipo de comportamento e de processos mentais
interessam a investigação Psicológica.
Analisemos então a definição sublinhada:
Estudo científico – Significa que os Psicólogos
usam métodos bem organizados para descrever, explicar, e interpretar factos psíquicos.
Não se limitam a observar, acumular e catalogar factos.
Comportamento - em sentido restrito,
significa um conjunto de actos directamente observáveis tais como falar alto,
correr, andar etc.
Contudo, a Psicologia não
se limita a estudar o que as pessoas fazem, Interessa-se igualmente por
fenómenos ou factos que não são exteriormente observáveis tais como o
pensamento e raciocínio, o sono, sonho, a sensação e a percepção, os
sentimentos, as atitudes, etc. Estes fenómenos têm o nome de Processos mentais.
ESTRUTURA DA PSICOLOGIA,
O Psicólogo age em
diversas áreas e é importante entender primeiramente onde e como se forma o
conhecimento da ciência "Psicologia": a área científica. O psicólogo,
em sua graduação, aprende a pesquisar novos caminhos a partir de dados já
existentes; forma opiniões convergentes ou divergentes, podendo ser na forma de
crítica ou avanço em uma determinada pesquisa; monta estudos com bases em
experimentos, observação, estudos de casos, análises neurológicas e
farmacológicas, além de estudar em grupos multidisciplinares vários outros
conteúdos (mostrados à seguir). As áreas mais conhecidas desta criação científica
são, entre outras.
PSICOLOGIA GERAL Busca determinar o objecto,
os métodos, os
princípios gerais e
as ramificações da ciência.
PSICOLOGIA FISIOLÓGICA Investiga o papel
que eventos e
estruturas fisiológicas desempenham
no comportamento.
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO - Estuda o desenvolvimento
ontogenético, isto é, as mudanças que ocorrem no ciclo vital de um indivíduo
desde da concepção ate a morte.
PSICOLOGIA JURÍDICA Aplica os conhecimentos
da Psicologia no campo do Direito.
PSICOLOGIA
ANIMAL OU COMPARADA Estuda o comportamento
animal com objectivo
de, comparando ao ser
humano, melhor compreendê-lo
e, também, busca
a compreensão do
comportamento animal em si.
PSICOLOGIA SOCIAL - Investiga
todas as situações
em que a
conduta humana é
influenciada e influencia a de outras pessoas e grupos na
sociedade.
PSICOLOGIA DIFERENCIAL - Busca estabelecer
as diferenças entre
os indivíduos em
termos de idade,
classe social, raças,
capacidades, sexo... Suas
causas e efeitos
sobre o comportamento, além de procurar criar e
aperfeiçoar técnicas de mensuração das
variáveis consideradas.
PSICOPATOLOGIA -Preocupase com o
comportamento anormal: psicoses, neuroses.
PSICOLOGIA APLICADA AO TRABALHO - Através de
informações psicológicas é
possível viabilizar uma
maior rendimento no trabalho.
PSICOLOGIA APLICADA À MEDICINA - Auxilia os profissionais da saúde em suas tarefas
de diagnóstico, tratamento e prevenção
de doenças.
PSICOLOGIA JURÍDICA - Aplica os conhecimentos
da Psicologia no campo do Direito.
PSICOLOGIA ANIMAL OU COMPARADA - Estuda
o comportamento animal
com objectivo de,
comparandoo ao ser
humano, melhor compreendê-lo
e, também, busca
a compreensão do
comportamento animal em si.
PSICOLOGIA APLICADA À MEDICINA - Auxilia os
profissionais da saúde em suas tarefas de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças.
PSICOLOGIA EXPERIMENTAL - A sua
consolidação foi em grande parte fruto do trabalho pioneiro de Watson, que a
partir de 1913 iniciou uma psicologia de evidente carácter objectivo, a psicologia condutista, que se baseia
na observação científica e na metodologia experimental de fundamento indutivo,
que consiste em estudar uns casos particulares para depois extrair leis gerais,
julgando como objecto de estudo a busca de relações entre os estímulos do meio
e as respostas do organismo (explicação
causal), trabalha com animais de laboratório, para tal.
Psicologia Cognitiva, diferentemente do
conductismo em qualquer das versões anteriormente indicadas, interessou-se pela
actividade mental dos sujeitos, ao considerar que nela repousavam as variáveis
essenciais para explicar o comportamento. Apoiando o seu trabalho em
estratégias hipotético-dedutivas, isto é, partindo de uma hipótese ( ou tentativa explicativa) extrai uma
série de deduções que tratam de corroborar
mediante a realização de uma investigação, servindo-se também de modelos
teóricos diversos para investigar no laboratório ou fora dele o funcionamento
psicológico. Neste último caso, estudam-se condutas no meio natural dos
sujeitos ou no mais semelhante possível a aquele, o que se conhece como método
ecológico.
Ø
PSICOLOGIA DINÂMICA OU
PROFUNDA - Conhecida também
como psicanálise que postula que nossa conduta está governada fundamentalmente
pelos processos inconscientes, isto é, desconhecidos para o sujeito, parte dos
quais podem desvendar-se quando uma pessoa se submete a uma terapia de porte
psicanalítico, quer seja clássica ou freudiana bem como de inspiração
psicanalítica como a psicoterapia breve.
O criador de tal modelo
psicológico foi Sigmund Freud
(1856-1939), que aglutinou ao seu redor um grupo interessante de médicos
psiquiatras e de outros profissionais,
que levaram a cabo inovações tanto na teoria como na técnica psicanalítica, o
que lhes fez distanciarem-se de Freud. Dentre os primeiros dissistentes encontram-se
o C. Gustav Jung (1875-1961) e A. Adler
(1870-1937), criadores respectivamente do conceito de complexo e sentimento de inferioridade, deduzindo-se por isso que
quem diz complexo de inferioridade mistura conceitos de autores diferentes.
Ø
PSICOLOGIA CLÍNICA - Emprega diferentes
técnicas e estratégias metodológicas, facto que a torna difícil definir, para
além de estar interessada em questões tão diferentes que afectam a saúde e
doença mentais das crianças e adultas. Foi definida, num dado momento, por
Schraml (1975) como aplicação de diversos conhecimentos, técnicas e métodos das
disciplinas psicológicas básicas e de outras disciplinas afins (psicanálise, antropologia, sociologia, etc.)
FUNÇÕES E FINALIDADES DA PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO A
Psicologia da Educação
se concentra no
estudo psicológico dos
problemas cotidianos da
educação, dos quais
se derivam princípios,
modelos, teorias, procedimentos de ensino e métodos práticos de
instrução e avaliação, bem como
métodos de pesquisa
apropriados para estudar
o pensamento e
os processos afetivos
dos estudantes e os processos
cultural e socialmente
complexos das escolas. Em resumo: A Psicologia
da Educação estuda
os processos de
ensino e aprendizagem;
aplica os métodos
e teorias da
Psicologia e também
têm seus próprios
métodos e teorias.
No respeitante aos objectivos que perseguem, a psicologia pode
dividir-se em psicologia teórica e psicologia aplicada, acolhendo a primeira
no seu seio todas as investigações e conhecimentos psicológicos que persigam
fundamentalmente a construção de um campo sistemático de saber científico sobre
o comportamento, seja ele de carácter geral ou específico. Enquanto que na
segunda caberia falar de tantas psicologias aplicadas como parcelas da actuação
humana, destacando como especialidades mais conhecidas as de psicologia de
saúde, (que alguns pensam que é
semelhante à psicologia Clínica), a psicologia escolar, a psicologia da
educação ( em ocasiões realizando tarefas
similares às da psicologia da saúde), a psicologia do trabalho e a
psicologia comunitária, entre outras.
Outras áreas de aplicação
da psicologia que estão adquirindo na actualidade cada vez maior
protagonismo, são a psicologia
desportiva, psicologia ambiental, etc.
IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Dado o carácter da
actividade do professor a psicologia tem muita importância, uma vez que a sua
actividade está orientada para o processo pedagógico. Assim, o estudo dos processos
de educação tais como:
·
As condições psicológicas do processo de
ensino-aprendizagem,
·
As leis psicológicas no processo ensino -
aprendizagem; portanto os mecanismos psicológicos que estão por detrás da
aprendizagem,
·
E a fundamentação cientifica da aprendizagem,
revela-se fundamental.
·
O estudo da psicologia vai permitir ao futuro
professor aprofundar o seu conhecimento sobre os principais elementos do
processo pedagógico, nomeadamente:
a) Professor- Suas particularidades fisiológicas
e psicológicas
b) Ensinar - os fins, meios,
condições espaciais e temporais
c) Educando (aluno) - Suas particularidades fisiológicas
e psicológicas
d) Aprendizagem - os fins, meios,
condições espaciais e temporais
e) Conteúdos da aprendizagem - Estabelecimento dos níveis, relacionamento com o
desenvolvimento humano.
·
A Psicologia contribui decisivamente para
estabelecer atitudes de abertura e de comunicação em relação aos educandos.
·
A tendência crescente para acentuar a vertente auto
- desenvolvimento do professor, levando-o a adquirir competências
relacionais, cada vez mais necessárias para o adequado exercício das suas
funções.
·
A formação psicológica permitirá ao professor
obter competências específicas para o controlo da turma no sentido de evitar
comportamentos perturbadores e de assegurar uma adequada liderança da mesma.
1.3 OBJECTIVO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
Como campo de
actuação cientifica a Psicologia tem os seus objectivos por alcancar:
Descrever
comportamento e processos mentais com base na observação Sistématica;
Explicar porque razão
ocorrem tais comportamentos e processos mentais;
Predizer enventos futuros
com base em enventos passados;
Modificar comportamentos
e processos mentais de modo a torna-los mais apropiados e adaptativos.
OS
MÉTODOS EM PSICOLOGIA
A palavra
método significa os procedimentos sistemáticos englobados na investigação de
factos ou conceitos. A metodologia em ciências do comportamento se situa na
descoberta de condições antecedentes, que dão origem ao comportamento, o
psicólogo tenta descobrir essas condições empregando dois métodos básicos: o
método experimental e o método da observação natural.Estes dois processos
baseiam-se finalmente na observação. No nosso curso referir-nos – hemos, também
a métodos tais como: introspecção, método clinico e testes.
O Método Introspectivo
o
método introspectivo foi o primeiro método usado em Psicologia cientifica. A
introspectivo analítica ou introspecção
controlada, usada pelos estruturalistas (em que, através de sujeitos altamente
treinados se procuravam os elementos básicos da experiência consciente), não
vingou, dada a impossibilidade de encontrar resultados estáveis e validos. No
entanto, a introspecção continua a ser largamente usada na investigação dos
nossos dias.
O Método Experimental
No Método
experimental o psicólogo manipula activamente condições antecedentes e observa
variações de comportamentos daí resultantes ou paralelos.
O método
experimental é a forma que permite estabelecer uma relação de causa e efeito
entre as variáveis. Uma tal relação causal difere duma correlação, muitas vezes
obtida por observação.
Normalmente
consideram-se dois grupos de sujeitos: o grupo experimental e o grupo de
controlo. Estes grupos, idênticos entre si, são tratados de igual modo
em todos os aspectos, excepto num: o grupo experimental é sujeito a mudanças na
variável independente enquanto que o grupo de controlo não. Desta forma,
garante-se que as eventuais diferenças encontradas entre estes dois grupos
devem-se necessariamente à variável independente.
Ela tem por
objectivo verificar a existência de uma relação entre duas ordens do fenómeno.
O princípio geral é sempre o mesmo. Fazer variar um dado e observar numa
conduta as consequências dessa variação.
O factor
manipulado pelo experimentador designa-se por variável independente, ao factor
que ela modifica dá-se o nome de variável dependente.
Desvantagens
Contudo, o
método experimental pode implicar erros, como sejam o erro na planificação da
experiência (mesmo o psicólogo mais experiente não pode prever factores que
causam o insucesso e fracasso da experiência), o erro de isolamento (o caracter
artificial das situações experimentais, provocadas em laboratório, pode alterar
comportamentos), o excesso de generalização (produz-se quando se cai na
aplicação das conclusões muito para além dos limites permitidos face aquela
amostra com que se trabalhou) e até o erro de alcance (a planificação
experimental reduz as possibilidades de investigação aos dispositivos
operacionais, dissolvendo problemas importantes, pois o psicólogo pode ser
levado a uma demonstração metódica de uma hipótese, em vez de procurar
novidades naquilo que está a estudar).
A Observação
Há
circunstâncias em que, por razões práticas ou deontológicas, não é
possível a aplicação do método experimental.
Desejando efectuar estudos, os psicólogos formulam hipóteses e recorrendo a
certas técnicas de observação procuram obter dados válidos que permitem testar
as hipóteses.
Em qualquer
observação o investigador constata um facto. Esta é sempre a resposta a uma
interrogação. Banalidade esquecida por muita gente: só se encontra aquilo que
se procurou.
Dito isto, a
diferença entre a observação e a experiência liga-se à natureza da questão. Na
observação, a questão é de certo modo aberta. O investigador não conhece a
resposta ou dela apenas tem uma ideia vaga. Pelo contrário, na experiência, a
questão tornou-se hipótese, quer dizer, supõe a existência de urna relação
entre factos que a experiência tem como finalidade verificar.
Distinguimos a
observação ocasional da observação sistemática. A observação ocasional não
obedece a nenhuma regra. É uma observação que qualquer psicólogo pode realizar
na sua vida de todos os dias, sobre ele próprio ou sobre os que o rodeiam. O
seu papel no desenvolvimento geral de uma ciência diminui a medida que esta se
constitui como um corpo de conhecimentos, mas continua a influenciar todos os
psicólogos, quer nas suas atitudes quer nos seus pensamentos.
A observação
sistemática intervém num processo determinado que reduz por isso mesmo o campo
estudado. Esta observação diz-se naturalista se estuda o comportamento de
indivíduos nas circunstâncias da sua vida quotidiana. Também podemos chamar
clinica à observação. Neste caso, as condições ambientais são fixadas pelo
investigador.
Técnicas de
observação
São comuns a
todas as situações que o psicólogo enfrenta, no laboratório, nos empregos, nas
consultas, no estudo de grupos e de populações. Consistem, num sentido lato, na
sistematização das percepções.
Observação
naturalista - Se a observação for realizada no ambiente natural ou
ecológico daqueles que estão a ser observados é designada como naturalista.
Os indivíduos são estudados no seu meio, no seu ambiente habitual, num elemento
que não lhes é estranho. É feito um registo exaustivo de tudo quanto se vê.
Observação
sistemática - pode decorrer igualmente no meio natural, o observador
dispõe logo a partida de grelhas e de códigos de registo previamente
determinados, de tal forma que tudo o que sai fora dos códigos não é registado. Nesta observação, o psicólogo pode utitilizar Grelhas de
registo – em que o observador dispõe de símbolos que correspondem aos diversos
comportamentos ou aspectos que se estipulou registar. Entrevistas -
podem ser mais ou menos estruturadas, mais ou menos directivas, conforme os
objectivos. Os questionários - podem ter objectivos diversos: permitem
vários tipos de resposta respostas abertas, respostas fechadas «sim/não»,
respostas fechadas de escolha múltipla.
Existiu nos
primórdios da observação científica uma forma subjectiva, a auto-observação.
No final do século XIX, o psicólogo alemão HermannEbbinghaus, investigador dos
fenómenos psíquicos da memória e do esquecimento, conseguiu demonstrar o seu valor
cientifico aprendendo de cor silabas desprovidas de sentido ( «nem» , «mev») e
anotando a curva do esquecimento das mesmas ao longo dos anos. Os resultados da
sua auto-observação e medição ainda hoje tem validade.
A observação
do outro está sem duvida na origem da maioria dos conhecimentos
psicológicos. Para evitar importunar a(s) outra(s) pessoa(s) utilizam-se muitas
vezes máquinas de filmar, gravadores, ou então os investigadores estão
colocados atrás de um espelho com vidro unidireccional, de forma a não
interferir nos comportamentos e atitudes que pretendem estudar.
Na observação
participante, o investigador também colabora nas actividades que se propõe
estudar. Pode colaborar em tarefas do grupo que investiga.
Na observação
de grupos (pode ser efectuada dentro de uma empresa, num clube de futebol,
numa escola, num bairro, num hospital, num sindicato), o realce é colocado na
dinâmica que surge no seu interior, isto é nos seus movimentos e
transformações, na forma como o líder se relaciona com os subordinados, no tipo
de hierarquia, nas relações interpessoais, nos conflitos que surgem.
Desvantagens
No decorrer
deste método de investigação podem surgir erros de observação, nomeadamente:
subjectividade - que ocorre
quando o investigador selecciona valores centrados sobre o seu «eu», sobre a
sua experiência pessoal, em detrimento de características objectivas; pode
ainda dar uma coloração afectiva, por deformação dos sentimentos, ao que
observou, sen- do parcial porque transporta consigo preconceitos, crenças e
ideias profundamente enraizadas que não avaliou previamente; devido aos seus
interesses particulares determinados, pode não dar atenção a uns comportamentos
e sobrevalorizar outros.
O efeito de
halo - que também é designado como «efeito de aura». Pode tomar a forma do
«efeito de apetência», segundo o qual o investigador faz uma escolha de
observações que vão num sentido já esperado. Pode manifestar-se a «tendência
centrípeta», quando o investigador manifesta uma preferência pela observação de
valores médios. Pode surgir o «efeito de indulgência», quando o investigador dá
um aspecto positivo ao que observa porque conhece já previamente as pessoas que
está a estudar, ou pode ainda ocorrer o «efeito de Barnum», que sucede quando o
investigador manifesta uma propensão aguda para aceitar observações imprecisas.
3. A fadiga,
quando a atenção diminui ao longo do período de observação.
4. A precipitação,
pois podem ser formuladas apreciações prematuras que não confirmam as
características observadas.
O Método Clinico
Trata-se
de uma série de procedimentos para diagnóstico e tratamento de pessoas com
problemas de comportamento e/ou emocionais.
O
método clinico não é, na sua essência um método de pesquisa (o método
clinico-critico de Piaget é uma excepção). Assim, os procedimentos clínicos não
se destinam a descobrir tendências gerais ou leis do comportamento. Ocupam-se
geralmente de um único indivíduo que precisa e/ou procura ajuda. O ponto de
partida do estudo clinico centra-se na questão imediata e prática de como
responder ao pedido de ajuda.
Características
essenciais dos procedimentos científicos podem estar presentes no método
clinico:
·
Começa-se normalmente por
estudar a natureza do pedido e observar o comportamento do paciente.
·
Formulam-se hipóteses ou
influencias sobre o que causa o sofrimento do paciente.
·
Passa-se depois a recolha
de dados (onde se pode incluir a história passada do sujeito, aplicação de
testes, entrevistas com o paciente e/ou pessoas próximas).
·
Confirmam-se ou infirmam-se
as hipóteses avançadas.
·
Deduz-se qual o tratamento
provável (em função da confirmação de alguma hipótese).
O propósito
principal de um psicólogo clinico é ajudar as pessoas na resolução dos seus
problemas pessoais. Redige-se um relatório clinico de caso, visto que se trata
de fazer um exame aprofundado de uma situação pessoal, individual.
Comporta o
estudo de casos individuais e também inclui um método de intervenção, uma
estratégia de tratamento, uma terapia com vista a uma possível cura ou
resolução de problemas.
Os
Testes
Os
testes dividem-se em testes de aptidão e testes de personalidade.
Independentemente do contexto em que são usados, os testes são aferidos para a
população a que se destinam, ou seja. o teste é aplicado a uma amostra
representativa dessa população. Os resultados obtidos servem de «normas»,
permitindo posteriormente «classificar» um dado indivíduo em relação a essa
população.
Chama-se teste
mental «a uma situação experimental estandardizada que serve de estímulo a
uma conduta. Esta conduta é avaliada por uma comparação estatística com a de
outros indivíduos colocados na mesma situação, permitindo assim classificar o
sujeito examinado, quer quantitativa quer tipologicamente», segundo a definição
de Pierre Pichot na sua obra intitulada Os Testes Mentais.
Existem testes
para avaliar a inteligência, as aptidões, as capacidades manuais e
intelectuais, as destrezas, as atitudes, as performances,ou desempenho nos
domínios sensoriais {o da audição, visão, tacto, por exemplo) e nos domínios
motores. Os testes, utilizados de forma sistemática na selecção de pessoal, na
investigação e na actividade clínica do psicólogo, avaliam ainda a
personalidade do indivíduo, a sua memória, a fluência verbal, a linguagem,
entre outras coisas.
Podem ser
aplicados a todas as faixas etárias, a grupos laborais diversos, a populações
de todo o tipo durante largos períodos de tempo, permitindo que os seus
resultados sejam interpretados com rapidez. Para serem válidos, devem possuir
as seguintes características:
A vantagem dos
testes é assim a de permitir uma recolha eficaz e rápida de informação,
fornecendo aos psicólogos a possibilidade de comparar respostas de um indivíduo
com as de milhares de outros que se submeteram ao mesmo teste.
PSICOLOGIA DO SENSO COMUM &
PSICOLOGIA CIENTÍFICA
Quantas vezes, no nosso
dia-a-dia, ouvimos o termo psicologia? Qualquer um entende um pouco dela.
Poderíamos até mesmo dizer que "de psicólogo e de louco todo mundo tem um
pouco".O dito popular não é bem este ("de que médico e de louco todo
mundo tem um pouco"), mas pareceservir aqui perfeitamente. As pessoas em
geral têm a "sua psicologia".
Usamos o termo psicologia, no nosso cotidiano,
com vários sentidos. Por exemplo, quando falamos do poder de persuasão do
vendedor, dizemos que ele usa de "psicologia" para vender seu
produto; quando nos referimos à jovem estudante que usa seu poder de sedução
para atrair o rapaz, falamos que ela usa de "psicologia"; e quando
procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos problemas,
dizemos que ele tem "psicologia" para entender as pessoas.
Será essa a psicologia dos psicólogos?
Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano
pelas pessoas em geral, é
denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa de ser uma
psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, normalmente, têm um
domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela
Psicologia científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas
cotidianos de um ponto de vista psicológico.
É a Psicologia científica que pretendemos
apresentar a você. Mas, antes de iniciarmos o seu
estudo, faremos uma
exposição da relação ciência/senso comum; depois falaremos mais detalhadamente
sobre ciência e, assim, esperamos que você compreenda melhor a Psicologia
científica.
O Senso Comum: Conhecimento Da Realidade
Existe um domínio da vida que pode ser
entendido como vida Por excelência: é a vida do cotidiano. É no cotidiano que
tudo flui que as coisas acontecem, que nos sentimos vivos, que sentimos a
realidade. Neste instante estou lendo um livro de Psicologia, logo mais estarei
numa sala de aula fazendo uma prova e depois irei ao cinema. Enquanto isso,
tenho sede e tomo um refrigerante na cantina da escola; sinto um sono
irresistível e preciso de muita força de vontade para não dormir em plena aula;
lembro-me de que havia prometido chegar cedo para o almoço. Todos esses
acontecimentos denunciam que estamos vivos. Já a ciência é uma atividade
eminentemente reflexiva.
Ela procura compreender,
elucidar e alterar esse cotidiano, a partir de seu estudo sistemático.
Quando fazemos ciência,
baseamo-nos na realidade cotidiana e pensamos sobre ela. Afastamo- nos dela
para refletir e conhecer além de suas aparências. O cotidiano e o conhecimento
científico que temos realidade aproximam-se e se afastam: aproximam- se porque
a ciência se refere ao real; afastam- se porque a ciência abstrai a realidade
para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-se da realidade,
transformando-a em objeto de investigação – o que permite a construção do
conhecimento científico sobre o real.
Para compreender isso melhor, pense
na abstração (no distanciamento e trabalho mental) que Newton teve que fazer
para, partindo da fruta a árvore (fato do cotidiano), formar a lei da gravidade
(fato científico). Ocorre que, mesmo o mais especializado dos cientistas,
quando sai de seu laboratório, está submetido à dinâmica do cotidiano, que cria
suas próprias "teorias" a partir das teorias científicas, seja como
forma de "simplificá-las" para o uso no dia-a-dia, ou como sua
maneira peculiar de interpretar fatos, a despeito das considerações feitas pela
ciência. Todos nós - Estudantes psicólogos, físicos, artistas, operários,
teólogos vivemos a maior parte do tempo esse cotidiano e as suas teorias, isto
é aceitamos as regras do seu jogo.
O fato é que a dona de casa, quando usa a
garrafa térmica para manter o café quente, sabe por quanto tempo ele
permanecerá razoavelmente quente, sem fazer nenhum cálculo complicado e, muitas
vezes, desconhecendo completamente as leis da termodinâmica.
Quando alguém em casa reclama de dores no
fígado, ela faz um chá de boldo, que é uma planta medicinal já usada pelos avós
de nossos avós, sem, no entanto, conhecer o princípio ativo de suas folhas nas
doenças hepáticas e sem nenhum estudo farmacológico. E nós mesmos, quando
precisamos atravessar uma avenida movimentada, com o tráfego de veículos em
alta velocidade, sabemos perfeitamente medir a distância e a velocidade do
automóvel que vem nossa direção. Até hoje não conhecemos ninguém que usasse
máquina de calcular ou fita métrica para essa tarefa. Esse tipo de conhecimento
que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso comum. Sem esse
conhecimento espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida no dia-a-dia seria
muito complicada.
A necessidade de acumularmos esse tipo de
conhecimento espontâneo parece-nos óbvia.
Imagine termos de
descobrir diariamente que as coisas tendem a cair, graças ao efeito da
gravidade; intuitivo, termos de descobrir diariamente que algo atirado pela
janela tende a cair e não a subir; que um automóvel em velocidade vai se
aproximar rapidamente de nós e que, para fazer um aparelho eletrodoméstico
funcionar, precisamos de eletricidade.
O senso comum, na produção desse tipo de
conhecimento, percorre um caminho que vai do
hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para
geração. Assim, aprendemos com nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o
liqüidificador funcionar, a plantar alimentos na época e de maneira correta, a
conquistar a pessoa que desejamos e assim por diante. E é nessa tentativa de
facilitar o dia-a-dia que o senso comum produz suas próprias
"teorias"; na realidade, um conhecimento que numa interpretação
livre, poderíamos chamar de teorias médicas, físicas, psicológicas etc.
A Psicologia Científica
Apesar de reconhecermos a existência de
uma psicologia do senso comum e, de certo modo, estarmos preocupados em
defini-la, é pertinente perceber que
a outra psicologia que tem como origem a senso comum e a Psicologia científica. Foi preciso
definir o senso comum, para que o leitor pudesse demarcar o campo de atuação de
cada uma, sem confundi-las. Entretanto a tarefa de definir a Psicologia como
ciência é bem mais árdua e complicada. Comecemos por definir o que entendemos
por ciência (que também não é simples), para depois explicarmos por que a
Psicologia é hoje considerada uma de suas áreas.
O que é Ciência
A ciência compõe-se de um conjunto de
conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade (objeto de estudo), expresso
por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser
obtidos de maneira programada, sistemática e controlada, para que se permita a
verificação de sua validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos
da ciência e saber exatamente como determinado conteúdo foi construído,
possibilitando a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmitido,
verificado, utilizado e desenvolvido.
Essa característica da produção científica
possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido sempre a partir
de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam–se descobrem- se novos
aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, a ciência caracteriza-se
como um processo.
Pense no desenvolvimento do motor movido a
álcool hidratado. Ele nasceu de umanecessidade concreta (crise do petróleo) e
foi planejado a partir do motor a gasolina, com a alteração de poucos
componentes deste. No entanto, os primeiros automóveis movidos a álcool
apresentaram muitos problemas, como o seu mau funcionamento nos dias frios.
Apesar disso, esse tipo de motor foise aprimorando.
A ciência tem ainda uma característica
fundamental: ela aspira à objectividade. Suas conclusões devem ser passíveis de
verificação e isentas de emoção, para assim, tornarem-se válidas para todos.
Objecto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas,
processo cumulativo do conhecimento, objectividade fazem da ciência uma forma
de conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum.
Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científico a
um conjunto de conhecimentos.
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